Preview | ArPa 2023 | Juan Casemiro | Estande U01 - Marli Matsumoto Arte Contemporânea

Juan Casemiro (Conceição das Pedras, MG; Itajubá, MG, 1993) vive e trabalha entre Conceição das Pedras, MG e São Paulo, SP. O artista evoca experiências pessoais em seus trabalhos: os encontros amorosos, o luto, as incertezas; tanto na configuração das obras como nos títulos. São objetos encontrados nas ruas e em caçambas, que depois de um tempo convivendo no ateliê, onde também o artista mora, se transformam em objetos. Uma espécie de organização da própria vida que fica evidente lendo os títulos dos trabalhos, que faz referências a trechos de música, poesias e mensagens de texto que recebe. Sua formação em arquitetura também exerce uma influência nas escolhas dos objetos (em sua maioria oriundos do descarte da construção civil) e na própria estrutura das obras que se assemelham a elementos como janelas, colunas, portas, etc. Em 2022, realizou as individuais “Retrabalho”, no MAC Niterói e "Oito horas não são um dia", no Museu Mineiro, BH. Participou das coletivas ‘Quando ícaro sobe ao céu’ da Universidade Mackenzie, SP, 2017; 43º Salão de Artes Plásticas Waldemar Belisário, em Ilhabela, 2021; “Ar: Acervo Rotativo”, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2021; “Bolhas Siderais” e “Espumas Siderais”, na Marli Matsumoto Arte Contemporânea, São Paulo, 2021; 13ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, 2022, e "Contra o silêncio dos espaços infinitos", no Massapê, 2022.

Juan Casemiro

Coluna Mole XIII, 2022

ID: 718

 

Tela de proteção encontrada em uma caçamba, arame

270 x 25 x 25 cm

Juan Casemiro

Coluna Mole XV, 2022

ID: 717

 

Tela de proteção encontrada em uma caçamba, arame

273 x 20 x 20 cm

Juan Casemiro

Coluna mole XII, 2022

ID: 531

 

mangueira de incêndio encontrada na rua

210 x 10 x 6.5 cm

Juan Casemiro

sem título , 2022

ID: JC1096

 

Esmalte sintético, acrílica e facadas sobre tela

70 x 60 cm

Preço: 21.500 BRL

Juan Casemiro

Feche os Olhos e Será Noite Outra Vez, 2023

ID: JC1078

 

acrílica, esmalte, tubos de plástico e perfurações sobre tela encontrada na rua

90 x 70 cm

Juan Casemiro

Vivos muito vivos outra vez III, 2023

ID: JC1092

 

Acrílica, esmalte sintético sobre tela encontrada na rua

80 x 60 cm

Preço: 23.000 BRL

Juan Casemiro

No meio da Consolação tem um prédio brega que muda de cor ou eu estou sempre bêbado, 2021

ID: 540

 

acrílica sobre tela

30 x 20 cm

Juan Casemiro

vivos muito vivos outra vez IV, 2022

ID: JC1072

 

acrílica e esmalte sintético sobre tela

22 x 16.5 cm

Juan Casemiro

Alvorada , 2023

ID: JC1079

 

Acrílica, esmalte e pastel sobre moldura encontrada

50 x 40 cm

Juan Casemiro

Retrabalho XXXII, 2022

ID: JC1095

 

Fragmentos de tapume encontrados em uma caçamba e parafusos.

79 x 16 x 3 cm

Preço: 12.000 BRL

Juan Casemiro

Retrabalho XXI, 2022

ID: JC1005

 

luvas de proteção encontradas em uma caçamba

43 x 17 x 7 cm

Preço: 11.000 BRL

Juan Casemiro

Gabriel, 2021

ID: JC1034

 

esmalte sintético e concreto sobre tela encontrada na rua

26 x 20 cm

chega mais perto do papel e ouve uma espécie de murmúrio e vultos nessas letras miúdas que se esbarram e sobrepõem, talvez não consiga ler nenhuma frase completamente, por isso vou te confidenciar algumas partes do que escrevi: vou te confidenciar não por te conhecer, tampouco tenho alguma intimidade mas tudo isso é sobre algo que está dentro, e como você não consegue ver com seus olhos de menino vou te deixar me ouvir. outro dia encontrei algo bonito na rua, fiquei paquerando como talvez não saiba fazer com os moços que atravessam meu olhar nos dias em que saio pra correr. fitei meu olhar num objeto descartado esquecido no chão. era tão lindo e talvez nem você nem ela conseguissem entender a beleza daquilo. mas era lindo. senti-me como uma espécie de salva-vidas ou alguém que carrega consigo um amante, sabendo que depois de algum tempo de observação e romantismo, poderia dar-lhe alguma forma. coloco estes objetos para dormir comigo, ouvir música, no box do banheiro, perto do fogão. eles vivem aqui junto comigo, ou vivo aqui junto com eles. o primeiro beijo que dei em gabriel foi um momento em que o mundo fez um silêncio tão grande que não ouvi mais nada, só os olhos dele alinhados com o meu. Eu estava vivo outra vez. de olhos fechados, vez ou outra os olhos se abriam. pequenas estrelas e minha miopia via um rosto turvo incerto. depois veio o sol quente no meu corpo, a pele descascando. fiz nhoque e vi a entrevista do vitor e léo com o nuno. que nome bonito eu pensava, enquanto uma dezena de livros cobria todo chão cama e mesa da minha casa. num fim de tarde marcio também sentou naquele chão no meio dos livros e pude ler poesia e sentir um coração aberto mas também apreensivo. li aquele trecho que dizia: “a noite é luz sonhando”. entramos no carro atravessando a cidade e pude beija-lo. são amantes por que tudo tem passado rápido e meu corpo permanece num silêncio e com vontade. marcelo me enviou uma pequena mensagem sobre vagalumes e a noite e a luz incerta e agora eu penso que o amo também. de longe. depois olho pra todas essas coisas e são meus dias, meu corpo nu olhando pra todos vocês vestidos com seus segredos e aflições e seus medos. coloco títulos nos trabalhos e escrevo sobre a minha vida pra lembrar desses momentos curtos que tem me ensinado que o amor maior era o dela. talvez nenhum deles consiga entender as coisas que eu penso, essa fragmentação de descarte morte poesia dor gozo noite estrelada riacho estreito montanha encoberta por neblina mar com sol bem forte de manhã. talvez eu não tenha te contado tudo, mas agora você fecha os olhos e depois olha pra qualquer um desses trabalhos e pensa em amor. são paulo, maio de 2023. J.C.