O espaço de reflexão formal da pintura de Arthur Palhano lida justamente com a negociação dos contornos e da presença entre o que já foi e o que será visto em sua totalidade; entre o que se revela e o que é ocultado pela ordem processual do trabalho. “Indagações sobre corrida e a sombra da morte” (2024) revela em seu título parte das questões formais decisivas na sua pintura, diante da qual a sombra da morte surge enquanto operação metoniímica para refletir a persistência do indício da imagem, mesmo na sobreposição densa de camadas. A pintura previamente preparada para participar de uma feira no México e agora refeita, revela contornos de seu conteúdo anterior, na iminente presença dessas imagens enquanto forma-fantasma. Contudo, estes fantasmas não surgem ali para nos assombrar ou dissuadir-nos de sua persistência figurativa, mas sim para anunciar a vontade própria que as imagens possuem de transpor seu tempo e contradizer a linearidade histórica de suas tradições, possibilitando a construção de outras narrativas, sobretudo históricas, para a leitura de outros mundos.